Como parte da Associação pela Propriedade Comunitária, o FICA acumula desde 2015 expertise na aquisição e gestão de propriedades urbanas sem fins lucrativos para habitação e uso socialmente justo de imóveis.

Além de ter todos os pré-requisitos legais para a compra e formalização de propriedades comunitárias, o FICA reúne profissionais e competências necessárias para realizar reformas e adequação dos imóveis. Mais do que viabilizar um teto, buscamos garantir o melhor uso e salubridade dos espaços, mesmo quando reduzidos.

Desta forma, o FICA surgiu como a alternativa mais adequada ao projeto da Paróquia São Miguel Arcanjo para adquirir os imóveis e adequá-los para receber famílias que viviam em situação de rua com segurança jurídica, estrutural e administrativa.

Infraestrutura – O desafio inicial do projeto foi encontrar imóveis com a tipologia adequada para receber as famílias a partir do orçamento disponível para aquisição e reformas necessárias. 

Mobília – Além de reformados, os imóveis precisam ser equipados com mobiliário e eletrodomésticos básicos para que as famílias possam habitá-los de maneira digna, como armários, geladeira, fogão, utensílios de cozinha, máquina de lavar, camas, colchões, entre  outros.

Gestão predial e condominial – Após realizadas as reformas, uma vez que as famílias já estiverem instaladas, os imóveis precisarão de manutenção e acompanhamento constantes, para garantir serviços de limpeza, eventuais reparos e conservação das instalações. O FICA, como proprietário comunitário, tem experiência neste tipo de gestão, que com o Morar Primeiro alcança maior escala e buscará também envolver e empoderar os inquilinos na zeladoria dos espaços comuns.

Desenvolvimento social – O Morar Primeiro também conta com ações de geração de trabalho e renda para os moradores, desenvolvidas em parceria com outras entidades , sob mediação do FICA. Um dos objetivos é identificar as potencialidades dos moradores e oferecer-lhes oportunidades de qualificação profissional para que possam ser inseridos  no mercado de trabalho. Inicialmente, os moradores arcarão com as  despesas básicas de água, luz e gás, e os custos reduzidos de aluguel social e taxas condominiais serão incorporados às despesas das famílias, de forma gradual, à medida que elas conquistarem autonomia financeira.

Nos imóveis do Morar Primeiro, procuramos incentivar a autonomia das famílias e, ao mesmo tempo, preservar a vivência comunitária do grupo. Assim, selecionamos três prédios situados num raio próximo entre si e do local onde as famílias viviam anteriormente, com as seguintes características:

• Unidades variando de 20 a 30m²
• Cada uma com quarto, banheiro e cozinha
• Lavanderias coletivas 
• Áreas comuns para crianças brincarem
• Portão de entrada com interfone

Cada família irá morar em uma unidade estilo kitnet devidamente mobiliada com camas guarda-roupas, geladeira, fogão e chuveiro. Somente as lavanderias e áreas comuns são compartilhadas e de uso coletivo. 

As unidades do Morar Primeiro têm medição individualizada de água, luz e gás, para que as famílias tenham suas próprias contas. Além de possibilitar que possuam um comprovante de residência, saindo da informalidade da falta de endereço, este é um passo importante para conquistar autonomia e, futuramente, custear seu próprio consumo com o avanço do programa.

O Morar Primeiro procura atender prioritariamente famílias chefiadas por mulheres, mães solo e/ou com crianças, que estejam em situação de rua e vulnerabilidade social.

As famílias atendidas foram indicadas pelo Padre Júlio Lancellotti, que identificou a vulnerabilidade extrema do grupo que sofria risco iminente de expulsão da ocupação, situada próxima à paróquia onde desenvolve seu trabalho social.